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Conselheiro especial da BYD, Alexandre Baldy apresenta os planos da Companhia no Brasil. A empresa está com apetite para ganhar mercado e espalhar os carros elétricos e híbridos pelo País
Por Mario Ciccone
Retratos Germano Lüders
As ruas das cidades brasileiras estão ganhando cada vez mais veículos da BYD (Build Your Dreams). A tecnologia e a ousadia da companhia já haviam chegado ao país 11 Anos atrás. A primeira missão
foi a montagem de ônibus elétricos. Depois, vieram a fábrica de módulos fotovoltaicos e, mais tarde, outra unidade para a produção de baterias.
Ao notar a byd subindo nos rankings de emplacamentos de forma exponencial, é preciso ter uma certeza: não se trata apenas de uma montadora, mas de uma greentech que desenvolve soluções de energia com emissão zero, que reduzem a dependência global de combustíveis fósseis, que vão desde a captação de energia solar ao armazenamento e suas aplicações.
Com sua matriz energética limpa, o Brasil será o primeiro país a receber uma unidade fabril da companhia fora da Ásia. O complexo de Camaçari (BA), que pertencia à Ford, será o berço dos sonhos e das realizações da BYD.
Nessa jornada, a companhia tem líderes-chave. A começar pela chinesa Stella Li. Ela é vice-presidente executiva da BYD e CEO da BYD Americas. Trata-se de uma das principais líderes corporativas da China e do mundo. Está na companhia desde 1996. Outro chinês que é muito conhecido por aqui é Tyler Li, presidente da empresa no Brasil. Trabalha na BYD desde 2004 e já gerenciou projetos na China, nos Estados Unidos e na Rússia.
Para completar esse retrato – tal qual feito para The President –, destaca-se ainda o empresário e político brasileiro Alexandre Baldy. Ele tem o cargo de conselheiro especial da BYD na nova fase. Esse goiano é o parceiro dos líderes chineses na missão de entender e realizar sonhos no Brasil.
Os três executivos têm em comum a defesa da mobilidade elétrica e da tecnologia limpa. Acreditam que as causas sociais e ambientais podem ser sustentadas em projetos de responsabilidade, que vão muito além dos aspectos comerciais. De acordo com a empresa, a missão da BYD se confunde com o objetivo pessoal de seus líderes: inovações tecnológicas para uma vida melhor.
Com uma vida pública estabelecida como ministro de Estado, secretário em São Paulo e candidatura ao Senado, Baldy, 43 anos, falou à The President sobre o gigante chinês, que irá fazer a diferença nas ruas brasileiras. Não só nelas, mas na geração de empregos, formação de mão de obra e geração de energia limpa.
THE PRESIDENT - em uma entrevista de 2011, Wang Chuanfu, fundador da BYD, foi perguntado sobre o que o impulsiona. ele destacou a curiosidade. De que forma se pode notá-la no dia a dia criativo da BYD?
Alexandre Baldy – A criatividade começa pela missão da BYD de combater as mudanças climáticas do planeta e transformar a energia do sol em movimento. foi desenvolvendo produtos com esse propósito que a companhia alcançou a sólida experiência na construção de baterias recarregáveis e se tornou uma defensora do desenvolvimento sustentável. o vasto conhecimento no segmento de baterias fez com que a BYD enxergasse um ecossistema de energia com emissões zero, compreendendo, além da geração de energia, solar o armazenamento, o transporte eletrificado de ônibus e veículos e os projetos de monotrilhos sobre vigas, que respeitam a geografia das cidades, entre outros. temos 700 mil funcionários, dos quais 90 mil são engenheiros, focados em desenvolver produtos que tragam mais qualidade de vida para as pessoas.
Warren Buffet, investidor norte-americano que apoiou a BYD desde 2008, comparou Wang Chuanfu a uma junção de Thomas edison e Bill Gates, elogiando suas ideias e sua capacidade de execução. veremos Wang Chuanfu nos livros de história ao lado de Henry ford e ferdinand Porsche?
A BYD e seu fundador serão lembrados por gerações atuais e futuras como a principal marca da revolução tecnológica sustentável. isso porque a companhia está muito além da comercialização de veículos elétricos, da criação de placas solares e baterias. A BYD atua, principalmente, na construção de um planeta mais viável, criando produtos que tragam soluções para a vida das pessoas, mas com respeito ao meio ambiente. em consonância com os temores e alertas climáticos da última década, a companhia tem a missão de ajudar a reduzir em 1o c a temperatura do planeta. sim, sem dúvida alguma, ela veio para mudar o rumo da história.
“Construa os seus sonhos” é a tradução literal do lema da BYD (Build Your Dreams). Quais são os sonhos da empresa para o Brasil?
A BYD vai investir 3 bilhões de reais no complexo de Camaçari, na Bahia, para produzir veículos elétricos e híbridos nacionais. A BYD pretende criar um centro de pesquisa e desenvolvimento em Salvador, que terá como um dos principais objetivos desenvolver tecnologia de um motor híbrido flex para combinar o etanol com o motor elétrico. A proposta é tornar a região um vale do silício brasileiro. na área de energia, a greentech BYD investiu mais de 6 milhões de reais em um novo laboratório de pesquisa e desenvolvimento (P&D) em campinas (SP), inaugurado em dezembro. Será o primeiro da América latina a estudar todo o ciclo da produção dos módulos fotovoltaicos. Já são mais de 65 milhões de reais em investimento em p&d no setor fotovoltaico no brasil. A BYD pretende tornar o país reconhecido e como uma potência energética e de consumo, um polo exportador de produtos eletrificados e uma das maiores referências no mercado automotivo 100% elétrico.
Antes de se destacar pelos carros, a BYD já estava presente no Brasil com fábricas de painéis solares em Campinas e baterias em Manaus. Como foi a chegada da empresa ao país e o que a motivou a investir ainda mais aqui?
A BYD chegou ao brasil em 2013 e, três anos depois, deu início à primeira fábrica de montagem de chassi de ônibus 100% elétrico em campinas, apostando no potencial energético e econômico do país. em 2017, inaugurou a segunda fábrica, também em campinas, para a produção de módulos fotovoltaicos. os sonhos foram crescendo e, em 2020, a BYD começou a operar a terceira fábrica, dessa vez no Norte do Brasil. o polo industrial de Manaus abriga uma moderna estrutura dedicada à produção de baterias de fosfato de ferro lítio para abastecer a frota de ônibus elétricos. A empresa é responsável ainda pelo projeto de skyrail (monotrilho) na cidade de São Paulo. o brasil está entre as prioridades da BYD tanto pelo seu potencial de consumo como por ter uma matriz energética limpa, que faz todo o sentido para a eletrificação dos produtos desenvolvidos pela companhia.
Com os ônibus elétricos em ascensão, quais são os principais projetos de mobilidade da BYD? Podemos antecipar uma substituição total dos ônibus a diesel pelos elétricos no médio prazo?
Os ônibus da BYD estão em 11 cidades, auxiliando no transporte dos moradores dos grandes centros urbanos. A expectativa é ampliar e fechar novos contratos com cidades que se interessem em ter uma frota que não polui, silenciosa e muito confortável. A mudança da matriz energética na mobilidade é uma demanda da sociedade. As pessoas cobram uma maior responsabilidade em relação ao uso de veículos que não prejudiquem o meio ambiente. sem falar no custo da operação dos veículos elétricos, que é, em média, menos da metade de um veículo a diesel. Mas a substituição total por um veículo sustentável depende de alguns fatores, como a ampliação de incentivos por parte dos governos e o desenvolvimento efetivo de infraestrutura das cidades.
A BYD estará presente na futura linha 17 do metrô de São Paulo com o projeto BYD Skyrail São Paulo. Como está o andamento dele?
Esse é um grande projeto de mobilidade. foram mais de mil engenheiros envolvidos, durante cinco anos de pesquisa e desenvolvimento e o investimento de 740 milhões de dólares em tecnologia para planejar o transporte que vai revolucionar a mobilidade no brasil e nas principais cidades do mundo. A skyrail são paulo fornecerá 14 trens, que circularão por quase 18 km na capital paulista, entre o bairro do morumbi e o Aeroporto de congonhas. o projeto está em andamento. parte dos equipamentos já está sendo instalada. A operação como um todo depende de adequações de obras civis e de outras empresas que fazem parte do consórcio que compõe a linha 17.
Como a empresa mantém a excelência da equipe?
A BYD é uma líder em tecnologia e fabricação de veículos elétricos e baterias e emprega mais de 90 mil engenheiros e pesquisadores. A excelência é um dos valores fundamentais da companhia, que também preza por pragmatismo, paixão e inovação. A cultura organizacional promove, diariamente, a colaboração e incentiva o melhoramento por meio de treinamentos contínuos, políticas de reconhecimento e uma comunicação transparente.
Após a aquisição das fábricas de Camaçari da Ford, a BYD recebeu dezenas de milhares de currículos. Como será começar esse projeto praticamente do zero e readequar as plantas para a produção de carros e ônibus elétricos?
Em julho de 2023, a BYD anunciou investimentos reais no complexo de Camaçari, que abrigará a primeira fábrica de automóveis da companhia fora da Ásia. A instalação está prestes a se tornar o maior centro industrial da BYD fora da china e é uma mensagem clara da confiança no mercado brasileiro. A BYD vai contribuir diretamente para o desenvolvimento regional, priorizando fornecedores locais em toda a cadeia produtiva. A fábrica está sendo readequada e será completamente remodelada, com a construção de um anexo com tecnologia avançada.
Os funcionários da planta de Campinas passaram por longos períodos de treinamento na China para transmitir o conhecimento aos colegas. Como foi esse processo e como será a formação da mão de obra no complexo de Camaçari?
O novo complexo vai gerar milhares de empregos e promoverá treinamento e capacitação de mão de obra especializada, prioritariamente local. Trabalhadores com experiência no setor poderão ser aproveitados. A BYD vai integrar os centros de pesquisa e desenvolvimento da china com cientistas e engenheiros brasileiros para desenvolver tecnologias locais.
Qual é a vantagem estratégica da Bahia para a distribuição da produção para outros estados brasileiros e exportação para países da américa do Sul?
O estado baiano tem algumas características essenciais para os projetos que serão desenvolvidos no país, como o incentivo do governo local, com subsídios para a atração de investimentos, o que gera reduções de impostos, incentivando a produção e o consumo dos bens produzidos. A Bahia tem uma boa infraestrutura, com portos para o recebimento de matérias-primas e o escoamento de produtos. Além de boas estradas que fazem a interligação com os demais estados, reduzindo os custos de logística.
A BYD pretende atrair outras empresas chinesas que façam parte de sua cadeia de produção para o Brasil?
A BYD vai priorizar parceiros locais para a cadeia de produção por aqui, mas parceiros da china também poderão colaborar, se instalando no país.
O Brasil tem a sétima maior reserva de lítio do mundo. esse fator é um diferencial para a BYD conseguir preços competitivos? a cadeia de suprimentos será quase toda nacionalizada?
A BYD estuda opções para a extração de lítio no brasil que no futuro podem ajudar a aumentar a nacionalização dos produtos.
A companhia é elogiada por sua disposição em transferir tecnologia. Como essa abordagem transformará o mercado brasileiro de carros elétricos?
A BYD vai trazer para o Brasil a mais moderna tecnologia para a fabricação de veículos elétricos e espera transformar o mercado nacional. Nosso crescimento em 2023 foi de quase 70 vezes, com a venda de cerca de 18 mil unidades. Para os próximos anos, esperamos um crescimento ainda maior. O brasileiro conhecerá melhor as vantagens de ter um carro elétrico.
De que maneira a reforma tributária afetará os negócios da BYD no Brasil e o mercado de carros elétricos como um todo?
A BYD agora é uma empresa brasileira. Serão investidos 3 bilhões de reais no complexo de Camaçari para produzir veículos elétricos e híbridos nacionais. por acreditar no brasil, a BYD, comprometida com o meio ambiente e consumidor brasileiro, analisa a complexidade tributária por meio de sua equipe jurídica e com uma estratégia bem definida de se tornar uma empresa local. Nós acreditamos que empresas sérias, comprometidas com os investimentos no brasil, possam ser agentes de uma reindustrialização do país e gerar mais empregos e renda para a população.
Os sonhos da BYD não são nada modestos. ela quer se ombrear a VW, GM e FIAT no Brasil. essas montadoras estão há décadas no país. De que forma isso vai acontecer?
A BYD chegou ao brasil e tornou o mercado ainda mais competitivo. outras fabricantes de automóveis reduziram os preços dos carros para competir com a BYD. nosso objetivo é possibilitar que a população brasileira tenha acesso aos produtos da companhia que são de muita qualidade e possuem preços competitivos. já estamos com quase 100 concessionárias em funcionamento e queremos chegar a mais de 200 no fim deste ano, isso vai nos ajudar no crescimento nas vendas e nos levar para as primeiras posições no ranking de vendas de carros no país.
O lineup de veículos da BYD é bastante eclético. Quais são as vantagens competitivas de cada um dos modelos?
Temos veículos para diferentes perfis. Para começar, o recém-lançado Dolphin Mini, que será o nosso carro de entrada. temos o Dolphin, que é um hatch campeão de vendas. entre os SUVs, fabricamos o BYD Song Plus, que é, por enquanto, o nosso único modelo híbrido que roda mais de mil quilômetros com apenas um tanque, e o Yuan Plus, um veículo 100% elétrico. para quem gosta de potência, o Seal é a pedida. É um sport cupê com 531 cavalos que faz de 0 a 100 km/h em apenas 3,8 segundos. já entre os modelos premium, temos o BYD tan, o primeiro SUV de sete lugares totalmente elétrico do país, e o BYD Han, um sedã de alto luxo para quem gosta de conforto e elegância.
Qual é o seu preferido?
O Seal, que, além da potência, tem um design inovador.
O Song Plus é o único veículo híbrido da BYD disponível no Brasil. Como estão os projetos para novos híbridos, especialmente os que utilizam etanol?
Temos o planejamento de trazer outros modelos híbridos e estamos trabalhando em um motor flex que combine a eletricidade com o etanol.
Podemos esperar ver veículos BYD totalmente projetados e fabricados no Brasil?
A BYD apostou no Brasil para sediar a maior fábrica da BYD fora da China. Teremos um centro de desenvolvimento aqui para adequar nossos carros à realidade e ao gosto dos brasileiros.
A infraestrutura de carregamento é uma vulnerabilidade no setor de carros elétricos no Brasil. a BYD está em contato com concessionárias de rodovias e prefeituras para melhorar essa realidade?
A transformação depende de investimentos e incentivos e a BYD está em busca da aprovação de várias políticas que reduzam a dependência por combustível fóssil, já que a eletrificação precisa de infraestrutura. Essa também é uma transformação cultural. A BYD disponibiliza o carregador para o consumidor que compra o carro elétrico. Empresas, concessionárias de energia, startups do setor e governos precisam estar engajados na busca pelo aumento dos postos de recarga para facilitar a vida de quem quer ter um carro amigo do meio ambiente.