Por Amélia Whitaker
Senior Relationship Manager na ETR Capital, Aleph Oliveira atua no desenvolvimento de soluções personalizadas através do Business Solutions
Com mais de 20 anos de experiência em Corporate Banking, Aleph Oliveira construiu uma carreira sólida em instituições renomadas como Aymoré, Santander Corporate, Itaú S/A, BTG Pactual e XP Investimentos.
Atualmente como Senior Relationship Manager na ETR Capital, atua principalmente no desenvolvimento de soluções personalizadas para os clientes através da estrutura de Business Solutions.
1. Como você vê a importância da diversificação de portfólio no cenário de investimentos atual?
A diversificação não é apenas crucial no cenário atual, mas é a pedra fundamental da gestão de patrimônio em qualquer contexto. Grandes classes de ativos, como a bolsa de valores, possuem um comportamento estatisticamente previsível no longo prazo, quando consideramos períodos de décadas. No entanto, ações individuais não exibem essa mesma previsibilidade. O mesmo vale para fundos multimercado e de crédito, onde o agregado desses investimentos é muito mais previsível do que suas partes individuais.
Além disso, é essencial considerar a diversificação entre classes de ativos. Os investidores devem reconhecer que o universo das coisas que desconhecem é infinitamente maior do que o das conhecidas. Vivemos em um mundo probabilístico, onde temos um cenário central, mas não podemos nos expor excessivamente a ele. Estatisticamente falando, a roleta russa é um jogo com cinco chances de ganhar e apenas uma de perder, mas poucos estão dispostos a jogá-lo. O mesmo princípio se aplica ao mercado financeiro: você pode acreditar que a bolsa vai subir, mas deve estar preparado para o caso de ela cair.
Nós gostamos de dizer que o mercado é um “multiverso”. Em um universo, o Brasil continua no modelo atual; em outro, abraça a responsabilidade fiscal; em um terceiro, precisa reestruturar a dívida interna; e em um quarto, se torna o maior exportador de energia renovável do mundo, atraindo investimentos expressivos do exterior. Otimizar um portfólio para apenas um desses universos significa ter um portfólio ruim nos outros cenários.
Um portfólio bem diversificado, por outro lado, funciona razoavelmente bem em qualquer um desses universos, e é exatamente isso que precisamos construir com nossos clientes. Ao manter uma abordagem diversificada, podemos ajudar a mitigar riscos e aumentar a probabilidade de alcançar resultados positivos, independentemente de qual “universo” se materialize.
2. Quais são os principais serviços oferecidos pela área de Business Solutions e como eles diferem dos serviços tradicionais de assessoria de investimentos?
Temos várias soluções, envolvendo operações de financiamento como empréstimos, linhas de crédito, remessas de recursos para o exterior, emissão de títulos e estruturações no mercado de capitais.
Atuamos também com serviços não financeiros, como venda de energia renovável do mercado livre, assessoria em fusões e aquisições (M&A), consultoria para o patrimônio imobiliário, seguros e intermediação de precatórios e direitos creditórios.
Cada um desses produtos é cuidadosamente implementado com o objetivo central de desenvolver e fortalecer o patrimônio dos nossos clientes. Trabalhamos com dedicação para oferecer soluções integradas e personalizadas que atendam às necessidades específicas de cada cliente, ajudando-o a alcançar seus objetivos financeiros de maneira eficaz e segura.
3. Como a ETR está abordando a crescente importância da análise de dados na tomada de decisões de investimento?
A gestão de patrimônio se baseia em alocações estratégicas que são pouco influenciadas por desenvolvimentos correntes, com uma perspectiva de longo prazo que se estende por décadas, e não por dias. Por essa razão, não sentimos a necessidade de investir em mineração de dados para obter informações à frente de outros investidores.
No entanto, reconhecemos o valor crescente da tecnologia e a incorporamos cada vez mais na construção de nossos modelos de investimento e nas simulações de Monte Carlo, que ajudam nossos investidores a compreenderem melhor os riscos associados aos seus portfólios.
Além disso, utilizamos inteligência artificial (IA) para nos auxiliar na síntese e filtragem de notícias e artigos acadêmicos, garantindo que nossos clientes recebam informações relevantes e atualizadas de maneira eficiente.
Acreditamos também que há um grande potencial para pesquisas no campo da economia comportamental e na gestão de portfólios, áreas que estamos começando a explorar mais profundamente para identificar como podemos integrá-las em nossos processos e oferecer ainda mais valor aos nossos clientes.
Essa combinação de alocação estratégica de longo prazo e uso avançado de tecnologia nos permite fornecer uma gestão de patrimônio robusta e adaptável, que não apenas protege, mas também potencializa o crescimento dos ativos de nossos clientes ao longo do tempo.
4. Como você vê o interesse dos clientes por investimentos sustentáveis (ESG) e alternativos?
Com a globalização e o avanço da tecnologia e da informação, o investidor está cada vez mais engajado em participar ativamente das ações de proteção do meio ambiente e em buscar investimentos mais disruptivos. Dessa forma, ativos com essas características estão sendo cada vez mais demandados. Aqui na ETR, trazemos essas soluções sempre que elas se adequam ao perfil de investimento de nossos clientes. Além disso, é importante destacar que investimentos desse tipo estão mais alinhados com uma visão de longo prazo, oferecendo não apenas retornos financeiros, mas também impactos positivos e sustentáveis.
5. Como a ETR está adaptando suas estratégias de investimento para lidar com a volatilidade e a incerteza do mercado atual?
Nossa visão é e sempre será voltada para a perpetuidade do patrimônio dos nossos clientes. Aqui na ETR, desenvolvemos uma ferramenta proprietária que nos auxilia a apresentar diferentes caminhos e seus possíveis percalços na jornada do investidor. Essa ferramenta, aliada à dinâmica do assessor, nos permite ajudar os clientes na tomada de decisões e na realização de correções de rota sempre que necessário.
No Brasil, enfrentamos um problema fiscal significativo. Parece altamente improvável que o governo consiga repagar a dívida pública. Mesmo que o próximo presidente seja fiscalmente responsável, estamos muito próximos do ponto sem retorno. Só quem pode ajudar a pagar a dívida do governo é o investidor, que é quem possui “sobra” de dinheiro. Esse investidor será afetado de uma das seguintes maneiras: i) Calote de parte da dívida (o que achamos bem improvável); ii) Aumento de impostos (algo que já está acontecendo); ou iii) Confisco inflacionário, que ocorre quando o Banco Central reduz os juros de forma abrupta e permite que a inflação suba mais livremente.
Observamos uma chance cada vez maior do cenário de confisco inflacionário ocorrer, e por isso acreditamos que investimentos em dólares ou ativos indexados à inflação são essenciais para os portfólios, enquanto o CDI se torna arriscado. Claro, existe um cenário em que o governo implementa ajustes fiscais rigorosos, privatiza ativos e o Brasil cresce rapidamente, permitindo que o governo pague suas contas sem a “ajuda” dos investidores. No entanto, esse cenário nos parece cada vez menos provável.
Nosso compromisso é garantir que nossos clientes estejam preparados para qualquer cenário, utilizando ferramentas avançadas e uma abordagem personalizada para proteger e perpetuar seu patrimônio. Ao compreender profundamente o ambiente econômico e os desafios específicos que ele apresenta, conseguimos orientar nossos clientes de maneira eficaz, ajudando-os a navegar por tempos incertos com confiança e segurança.
