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No frescor

da Mantiqueira

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No frescor da Mantiqueira

Com um clima peculiar, Campos do Jordão, a cidade mais alta do Brasil, guarda uma boa dose de chuva e temperaturas amenas – bem longe do frio que dezenas de milhares de turistas buscam nas férias de julho – entre novembro e fevereiro

Por Raphael Calles, de Campos do Jordão

A chegada na Mantiqueira quase no verão traz o que os paulistanos mais têm buscado ultimamente: refresco. Com um clima peculiar, Campos do Jordão, a cidade mais alta do Brasil, guarda uma boa dose de chuva e temperaturas amenas – bem longe do frio que dezenas de milhares de turistas buscam nas férias de julho – entre novembro e fevereiro.

Ao contrário do que muitos pensam, os temporais não chegam a atrapalhar as programações, pelo contrário. As chuvas nos oferecem a possibilidade de descobrir novas cores, ambientes mais vazios e floradas que não são vistas nos meses mais secos.

Estive em Campos do Jordão por cerca de cinco dias entre o final de novembro e o início de dezembro e posso dizer: não perde nada para o inverno. Aliás, ganha. Com ruas menos movimentadas, os enfeites de natal trazem um charme que combina com o frescor típico da cidade. O clima mais úmido nos apresenta, em meio à Mantiqueira, durante a noite, uma horda de vaga-lumes que nos faz lembrar de outros tempos, quando era possível vê-los ainda nas grandes cidades.

A conexão com a natureza é um item quase obrigatório por lá. Mas não é o único em uma programação que pode ser repleta – eu disse repleta – de atrativos.

Maria-fumaça do Parque Bambuí. Ela leva os passageiros da entrada aos restaurantes do espaço

Ver o verde
Entre as serras, o Parque Estadual de Campos do Jordão, conhecido como Horto Florestal, se destaca pelos tons verdejantes imponentes. Desde sua criação em 1941, Horto estende-se por 8.341 hectares, um terço do município e revela-se como um santuário para a biodiversidade remanescente da Mata Atlântica. Abrigando uma tapeçaria natural composta pela mata de Araucária, Podocarpus, Campos de Altitude e Mata Nebular, o Horto Florestal desenha um cenário pitoresco para mais de 186 espécies de aves, incluindo animais ameaçados de extinção como a onça-parda, a jaguatirica e o papagaio de peito roxo. Horto é um testemunho vivo da história local, com suas fases marcadas por uma rica diversidade cultural e gastronômica.

É pela gastronomia que Dona Chica conta uma história, uma tradição que se entrelaça com o legado do Horto Florestal. O restaurante, comandado pelo chef Anderson Oliveira, se torna mais que um local para apreciar a culinária local; é um portal para uma jornada sensorial e histórica, com pratos para compartilhar totalmente inspirados na gastronomia e ingredientes locais.

No lúdico território dos sonhos, onde a alma floresce antes mesmo de se materializar, o engenheiro agrônomo e paisagista Walter Vasconcellos plantou não apenas um jardim, mas uma utopia que germinou na terra árida da insatisfação e no encantamento pelas paisagens do mundo. Em 2007, essa visão ganhou vida e cor nos 60.000m² do Parque Amantikir. Com mais de 700 espécies de plantas, o parque é um convite à contemplação e à conexão total com a natureza. Uma homenagem à beleza natural, livre de imitações estrangeiras, é um testemunho de diversidade, sustentabilidade e educação, inspirando todos que o visitam a se reconectarem consigo mesmos e com a natureza que o rodeia.

Jardins do parque Amantikir, um jardim botânico com mais de 700 espécies de plantas

Integrante do grupo Toriba, o novíssimo parque Bambuí na cidade conta com mais de 300 mil metros quadrados de natureza preservada, conta com uma maria-fumaça que realiza o transporte dos visitantes da entrada da propriedade ao restaurante Casa Bambuí, sob o comando da chef Anouk Migotto. Além do restaurante, a cervejaria Gård oferece cerveja artesanal e petiscos para que o dia passe sem pressa.

Se o plano de viagem também inclui aventura e crianças, Parque Tarundu combina mais de 30 atrações em meio a natureza, o que inclui tirolesa, trampolim e arborismo. Prana Park, uma fazenda, combina pontos de parada para dezenas de fotos com a bela paisagem da região e atrativos como Bike Aérea – em que é possível realizar um percurso de bicicleta sobre um cabo de aço – e Mega Tirolesa, uma tirolesa de mais de 1 km de extensão.

Centro em foco
O grande atrativo turístico na região central da cidade está em Capivari. Todos os meses, a concha acústica da cidade conta com uma série de programações, em especial no período de inverno – quando acontece o festival de inverno da cidade – e na época de natal. No Parque Capivari, no centro, além de muitos atrativos iluminados, uma série de espetáculos estão programados para dezembro. E de lá, também, que um teleférico sai rumo ao Morro do Elefante. É em seu topo que a cidade pode ser apreciada de forma panorâmica e é possível, ainda, apreciar opções gastronômicas e atrativos como o Trenó de Montanha, com um percurso de quase 500 metros que pode ser feito individualmente ou em dupla.

Prato e drink do restaurante Dona Chica, dentro do Horto Florestal 

Não muito longe de Capivari, o Museu Felícia Leirner revela-se como um santuário artístico e natural, uma convergência harmoniosa entre a criatividade escultural e a exuberância da Mantiqueira. Em um jardim de 35 mil m² compartilhado com o Auditório Claudio Santoro, o museu desvela 88 esculturas de bronze, cimento branco, granito e gesso, imersas nas diferentes fases da trajetória da artista. Cada escultura, agrupada meticulosamente, narra a história da alma artística de Felícia, desde a fase figurativa até os recortes na paisagem, proporcionando uma jornada sensorial única para os visitantes.

 

O cenário cultural de Campos do Jordão ganha ainda mais vida no por meio do Auditório Claudio Santoro, uma fusão de arquitetura e música erudita. Como palco principal do renomado Festival de Inverno, o auditório se torna uma obra de arte por si só. Erguido em 1979 sob a direção do arquiteto italiano Gian Carlo Gasperini, o espaço se destaca não apenas por sua grandiosidade, mas por sua capacidade de integrar-se harmoniosamente ao ambiente circundante, abrindo-se ao esplendor natural por meio de vidraças e uma laje de concreto aparente.

 

Nesta época de final de ano, estendendo-se até o início de janeiro, a cidade torna-se também um atrativo para o natal. Além do portal, que recepciona turistas e moradores com desejos de boas festas e muito brilho, o Circuito de Árvores de Natal se une a diversas outras praças da cidade para expor 140 árvores de natal com os mais diversos tipos de decoração.

Escultura Giselda, de Felícia Leirner. A cidade conta com um museu a céu aberto onde obras da artista estão expostas em meio a natureza. Foto: Divulgação

Produção e gastronomia local
Campos do Jordão aguarda e agrada apreciadores de bebidas. A cervejaria Caras de Malte é um refúgio intergaláctico que promete uma experiência cervejeira única. A Gård Microcervejaria, que aparece mais acima neste texto, produz pequenas levas de cervejas especiais, combinando atenção aos detalhes e rigor no processo. Para um toque clássico, Baden Baden destaca-se como pioneira em cervejas artesanais desde 1999.

Cervejaria Gård, dentro do Parque Bambuí. Foto: Felipe Baldi

A experiência gastronômica se constrói como uma jornada entre sabores e ambientes acolhedores. Harry Pisek, proclamado o melhor restaurante alemão do Brasil pelo Guia4Rodas, as salsichas são estrelas do cardápio, cada uma apresentando variações criativas e únicas. Le Foyer, inaugurado em 2005 para satisfazer os hóspedes do sofisticadíssimo Chateau La Villette, oferece uma experiência gastronômica franco-suíça, com destaque para o fondue e uma seleção exclusiva de vinhos. Por fim, o Toribinha Bar & Fondue, simbólico restaurante do tradicionalíssimo Hotel Toriba, é reconhecido como o melhor local para desfrutar fondues, além de ser eleito como o melhor ambiente para encontros a dois na região.

O jornalista viajou a convite de uma associação de empresários da cidade.