The President

Motores em ação

motor

Motores em ação

A paixão pelos carros também é um combustível para o cinema e suas grandes histórias

Quem nunca se sentiu arrebatado, no escuro do cinema, no instante em que ele cruza a tela. Esbanjando charme, beleza e imponência, sua presença nos desperta o desejo de estar ali e desfrutar de cada segundo de emoção.

São protagonistas de grandes filmes e quando surgem, a cada tomada de câmera, sempre nos sentimos atraídos por sua força e magnetismo.

Em muitos títulos, protagonizam as sequências mais caras e difíceis de uma produção cinematográfica. Estão em momentos de ação, pontos catárticos da trama, cenas de despedida, em meio à aventura, no auge do romance e nos climas de sedução.

Estão presentes em momentos dramáticos, instantes difíceis da vida, sob forte chuva ou no mais escaldante dos desertos. Enchem a tela nas estradas e nas fugas. Ajudam a deixar as memórias para trás, até sumirem no espelho retrovisor.

Sim, não há limites para esses atores incansáveis, com seus designs arrebatadores e motores prontos para a explosão. Isso até os elétricos não dominarem os sets de cinema ou, em um futuro breve, quando forem substituídos pelos voadores.

Não está entendendo nada? Pois então viaje na história fascinante de amor, ódio, aventura e autoconhecimento entre a sétima arte e o automóvel, do grego “que se move por si próprio”.

Quer exemplos dessa paixão? Em Bullit, de 1968, o filme é estrelado por um Mustang, pilotado por um Steve McQuenn que atravessa cruzamentos e surge em aparições surpreendentes, saltando pelas lombadas das ruas de São Francisco.

No irresistível thriller de ação O Encurralado, Steven Spielberg debutava com uma obra-prima e eternizava um Plymouth Valiant 1971 em umas das mais antológicas perseguições do cinema, feita de forma implacável por um caminhão Peterbilt 281, de 1955. 

E o que dizer de Se Meu Fusca Falasse, Taxi Driver, Operação França, Gran Torino, De Volta para o Futuro e Cristine? O sucesso desse último projetou o Plymouth Fury como o vilão da história e o popularizou.

E não nos esqueçamos de Velozes e Furiosos. Desde o primeiro filme, a franquia desfila carrões que são literalmente destruídos em cena, sem a menor compaixão.

Como mocinhos ou vilões, em filmes como O Carro, a Máquina do Diabo, com o Lincoln Continental, os veículos foram humanizados, inseridos na dramaturgia de filmes premiados. Eles acrescentaram às histórias uma forte identificação com diferentes tipos de público.

Em Transformers, o vilão é um Mustang Saleen, no papel de um extraterrestre mal-intencionado. Seu rival é um Camaro amarelo.

E como não lembrar de todos os filmes da franquia 007? Foram 25 até agora. Neles, muitas marcas desfilaram seus modelos para heróis e vilões, um prato cheio para os aficionados.

Em Dr. No, de 1962, Sean Connery transbordava testosterona e elegância a bordo de um Sunbeam Alpine. Nesse período, foram os veículos da Bentley, os preferidos pelo criador dos romances, Ian Fleming, a protagonizar as cenas de James Bond nas telas do cinema. Porém, a partir de 1964, a Aston Martin colocou a sua marca na franquia, com algumas idas e vindas, e se tornou uma das máquinas mais frequentes no filme do agente do MI6. 

Em 007 – Sem Tempo para Morrer, de 2021, Daniel Craig dá umas voltas em vários modelos de outras montadoras. No final (perdão pelo spoiler), ele termina ao volante de um clássico Aston Martin DB5. Despediu-se assim do papel do mais charmoso dos agentes secretos ingleses. Agora resta saber quem estrelará o próximo filme da série.

Até a próxima curva!

*Messina Neto é diretor de cinema e TV, roteirista e showrunner. Também é sócio do 16×9 Lab