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Artigo

A nova fronteira

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A nova fronteira

Nos próximos anos, a indústria alimentícia viverá uma revolução com a ajuda da neurociência

Por André Chaves

A neurociência é uma evolução e tanto. Ela tem por objetivo conhecer os meandros do funcionamento do cérebro e, dessa forma, otimizar processos e amplificar o conhecimento profundo do comportamento humano. Agindo assim, vem revolucionando a medicina. Não só. Aplicada à indústria, também vem proporcionando resultados relevantes. Em especial, na indústria de alimentos.

Duas áreas muito promissoras são os estudos do paladar e da percepção sensorial. Pesquisas têm revelado como o cérebro processa os sabores e as texturas dos alimentos e como isso influencia a preferência do consumidor. A neurociência também desempenha um papel importante na compreensão dos controles de recompensa e prazer relacionados aos alimentos. Exatamente. Pesquisas já demonstravam que certos alimentos podem ativar o sistema de recompensa do cérebro, liberando neurotransmissores, como a dopamina. Isso gera sensações de prazer e satisfação. Enfim, o estudo da conexão entre as funções do cérebro e a comida, aplicado à indústria alimentícia, permite aos fabricantes usar as informações para desenvolver alimentos mais atraentes.

A neurociência também vem sendo útil para a indústria de alimentos ao analisar o comportamento do consumidor. Por meio de técnicas como ressonância magnética funcional (fMRI) e eletroencefalografia (EEG), o pesquisador pode analisar as respostas dos indivíduos diante de estímulos como embalagens, logotipos e propagandas. Entre as empresas que lideram as pesquisas e experiências com o consumidor está a italiana Thimus. A companhia afirma que, nos próximos cinco anos, 70% dos produtos alimentares disponíveis serão objeto de uma reformulação radical: haverá mudanças de ingredientes, métodos de produção, embalagens, efeitos propostos para a saúde, hábitos de consumo. 

Um termo que tem surgido na pauta é “neurociência cultural”. Ele abrange questões essenciais do mundo moderno. Por exemplo: 1) Qual o papel da cultura como influenciadora de consumo em relação aos alimentos?, 2) Como vamos evitar que os sistemas alimentares do futuro pasteurizem a enorme riqueza das diferentes culturas alimentares? e 3) O quanto essa revolução – que já começou – pode afetar o equilíbrio emocional, social e cultural do planeta? 

Essa pauta é uma ferramenta fundamental não só para as lideranças da indústria alimentícia como também, claro, para a tomada de posição da opinião pública. A ciência está cada dia mais presente em nossa vida. Ela decodifica nossa mente para termos cada dia mais produtos adequados, sustentáveis e em sintonia com paladares e preferências. Enfim, com o perdão do trocadilho, teremos um prato cheio de novidades antes mesmo do início da próxima década.  

*André Chaves, fundador do Future Hacker e CGO da Leme Growth