Por Vivian De Mattuella, CEO da Solv
Como a desconexão com resultados está sabotando o crescimento das empresas
Toda vez que o CEO e o CMO de uma empresa não se entendem, a organização perde dinheiro. Parece catastrófico, mas uso o exemplo para sublinhar que a distância entre o que os empresários esperam do marketing e o que os profissionais dessa área, via de regra, entregam vai além de diferenças de abordagem. Trata-se de outro entendimento sobre prioridades e importâncias, fruto de uma lógica de raciocínio muito diferente.
Enquanto os profissionais de marketing tendem a focar em campanhas criativas e na construção de marcas, os empresários enxergam o marketing como uma ferramenta essencial para contribuir na geração de resultados concretos – especialmente em termos de vendas e lucros.
Na perspectiva dos empresários, o marketing não é um fim em si mesmo, mas um meio para atingir diferentes formas de valor, traduzidas em metas financeiras tangíveis. Sendo assim, a expectativa é clara: o marketing deve contribuir diretamente para o crescimento do negócio, seja gerando valor em margem ou volume em receita; isto é, funcionando como um motor que impulsiona o sucesso da empresa. Mesmo assim, o que vejo na prática são profissionais de marketing priorizando aspectos estéticos, branding e inovação criativa, o que, apesar de relevante, nem sempre se traduz em retorno para o negócio, gerando um distanciamento entre a visão de ambos os lados e um desperdício de tempo e dinheiro para as organizações.
Além disso, em casos extremos, esse desalinhamento gera uma lacuna que resulta em frustração. Já vi situações em que o marketing atuava focado em métricas de vaidade, como engajamento e alcance, sem considerar se essas ações iam contribuir para o efetivo crescimento do negócio. Também já presenciei um empresário que, ao não ver seus objetivos atendidos, começou a questionar o real valor do marketing dentro do negócio.
Seria uma equação simples de resolver, não fosse a dificuldade desse marketing em entender que seu papel vai além da comunicação e relacionamento. Resolveria a situação se aqui atuasse um marketing verdadeiramente apaixonado por negócios e mercado. E, quanto mais eu confirmo que este é o caminho do sucesso, minha experiência me mostra que ainda são raros os exemplos.
O que quero dizer é que o marketing precisa considerar a realidade do mundo empresarial que é gerar negócios! A construção de uma marca forte e a criação de campanhas criativas são, sem dúvida, importantes, mas não podem ser vistas como o objetivo final, o fim em si mesmo. Para os empresários, a marca é um meio para maximizar os lucros, ganhar espaço e relevância, para gerar mais negócio. E o marketing deve evoluir de modo a refletir essa expectativa. A transição de uma abordagem focada no branding para uma orientada a resultados é essencial para que o marketing se mantenha relevante e valioso no atual ambiente de negócios.
Para prosperar e conquistar espaço, os profissionais de marketing precisam adotar esta mentalidade. Seu verdadeiro valor reside não apenas em sua capacidade criativa, mas em sua habilidade de impulsionar receitas e maximizar a geração de valor para a companhia. A integração entre as metas de marketing e os objetivos empresariais será, cada vez mais, o elemento-chave para o sucesso. Entendo que, assim, o marketing ganhará maior relevância e respeito dentro das organizações, à medida que começar a falar a linguagem dos empresários, a linguagem dos resultados mensuráveis.
O desafio que proponho é claro: o marketing precisa abandonar sua visão introspectiva e assumir uma postura mais pragmática, alinhada às reais necessidades das empresas, assumindo o papel de um parceiro estratégico, capaz de entender e responder às demandas financeiras das organizações, usando todo o potencial criativo e técnico do marketing para isso. O futuro do marketing está ligado à sua capacidade de gerar resultados concretos, garantindo que suas ações estejam diretamente conectadas ao sucesso financeiro do negócio.