The President

marcelo brisac

CIO da ETRNTY

entrevista

Por Amélia Whitaker

Marcelo Brisac é um profissional com vasta experiência no setor financeiro, especialmente em gestão de patrimônio e análise de mercado. Atualmente, é o Chief Investment Officer (CIO) da ETRNTY, onde atua desde julho de 2022. Antes da sua posição atual, foi responsável por um single-family office de uma proeminente família de industrialistas, onde atuou por 12 anos, gerenciando investimentos nos mercados doméstico e internacional.

Em sua trajetória como analista no Itaú Unibanco, foi líder nos setores de Metais e Mineração, Celulose e Papel e Agronegócios, participando de vários IPOs follow-ons. Posteriormente, assumiu a cadeira de estrategista de ações na instituição. Seu percurso inclui ainda a gestão de nada menos que US$350 milhões em três fundos de ações internacionais distribuídos aos clientes do private bank, no Bank Boston.

1. Quais são os principais objetivos da ETRNTY Multi Family Office?

Marcelo Brisac: Nosso foco é trazer aos nossos clientes as melhores práticas de gestão de patrimônio global, adaptando o modelo de endowment (usado por grandes fundações e fundos soberanos) aos desafios enfrentados pelas famílias. Criamos portfólios customizados e comunicamos com muita transparência os riscos que o cliente poderá experimentar na busca dos seus objetivos de retorno.

2. Como a ETRNTY diferencia-se de outros multi family offices no mercado?

Marcelo Brisac: A ETRNTY se diferencia por sua abordagem personalizada e centrada no cliente. Ao invés de adotar uma estratégia de “tamanho único”, criamos soluções de investimento sob medida para cada cliente, levando em conta suas circunstâncias únicas, tolerância ao risco e objetivos financeiros. Além disso, nossa equipe de especialistas tem uma vasta experiência em diversas classes de ativos e mercados globais, o que nos permite oferecer uma perspectiva abrangente e bem-informada. Também reconhecemos que é impossível saber tudo o que vai acontecer nos mercados, consequentemente, montamos portfólios que se comportam bem mesmo quando eventos inesperados acontecem.

3. Quais são as principais estratégias de investimento que você utiliza na ETRNTY?

Marcelo Brisac: Em qualquer portfólio, existem duas fontes de retorno que independem da habilidade do gestor: i) risco de mercado (quanto maior a incerteza sobre o preço de um ativo num dado momento, maior o seu retorno); ii) iliquidez (quanto mais tempo o dinheiro fica indisponível para o investidor, maior o retorno). Seguindo o modelo de endowment, fazemos uma rigorosa projeção atuarial a fim de entender quanta exposição os clientes podem ter a cada fonte de retorno.

4. Como a ETRNTY aborda a gestão de risco em seus portfólios de investimento?

Marcelo Brisac: Portfólios bem diversificados não correm o risco de perda permanente de capital. As perdas acontecem quando o cliente liquida posições perdedoras antes que elas tenham tido tempo de se recuperar. Assim, é extremamente importante medir a tolerância e capacidade de um investidor assumir riscos no seu portfólio (a tolerância é um fator psicológico, enquanto que a capacidade está ligada a limitações impostas por necessidades de caixa e alavancagem). Antes que o cliente assuma um risco, nos certificamos que ele tenha tanto tolerância como capacidade para assumir aquele risco e permitir que os retornos se materializem (como disse anteriormente, ao correr risco de mercado ou renunciar a liquidez, o investidor terá retornos superiores no longo prazo; só precisamos que ele não desista da estratégia no meio do caminho).

5. Como você vê o papel da tecnologia e da inovação na evolução dos serviços oferecidos pela ETRNTY?

Marcelo Brisac: A evolução tecnológica permite acesso a um volume enorme de dados (big data), que lastreiam nossas decisões de alocação. A popularização de linguagens como o python tornaram muito mais simples a realização de testes estatísticos e simulações de Monte Carlo, tão importantes para o cliente entender os riscos dos seus investimentos. Finalmente, temos testado modelos de inteligência artificial para tentar sistematizar os aspectos que são mais “arte” do que “ciência” na gestão de portfólio. O objetivo é eliminar a pequena parcela de “intuição” e institucionalizar a “experiência” que ainda entram na construção de portfólios.