Govindarajan Balakrishnan, CEO da Royal Enfield, fabricante indiana de motocicletas, veio ao Brasil para celebrar o sucesso da marca por aqui
Por Luiz Guerreiro
Mister BGR. É desse modo (bi-gi-ar) que Govindarajan Balakrishnan prefere ser chamado. “Meu nome é meio complicado”, justifica. A simplicidade que BGR apregoa para si é a mesma que compõe a essência da Royal Enfield, a marca que ele comanda. BGR é o CEO da centenária fabricante de motocicletas de origem britânica e pertencente ao grupo indiano Eicher.
Engenheiro com carreira de 23 anos na Eicher, a oitava força na área automotiva indiana, o executivo assumiu a direção da Royal em maio do ano passado. Sete meses depois, fez a sua primeira visita ao Brasil, para inaugurar a quarta linha de montagem da marca fora da Índia e a terceira na América do Sul. A estratégia de criar linhas de produção emaíses-chave começou há dois anos.
Eis a vantagem: maior agilidade na distribuição, além da encurtar o prazo da chegada de novos lançamentos. Tailândia, Colômbia e Argentina são os outros pas que montam as motos com os componentes enviados pela matriz.
“Nosso objetivo é ficar próximo dos mercados em que estamos crescendo”, disse BGR na inauguração da linha no Polo Industrial de Manaus. “Estamos confiantes de que ela vai impulsionar nosso crescimento no segmento de média cilindrada no país e nos permitir alimentar de forma mais eficiente a crescente procura por nossas motos.”
A Royal Enfield chegou ao Brasil em 2017 e, dois anosdepois, comemorou um crescimento acima de 100%. O país é o segundo maior mercado da Royal depois da Índia: a marca fechou 2022 entre os cinco maiores fabricantes, com 10.126 motos vendidas, um número impulsionado pela boa aceitação da custom Meteor 350, na faixa dos R$ 20 mil e lançada aqui em julho de 2021. Na Índia, a Royal é a oitava marca entre os fabricantes de motos – até outubro de 2022, vendeu 586.704 modelos no mercado interno. Mas sua grande atuação é fora do país: foram 657.846 unidades negociadas no exterior. É a única marca indiana de motos com presença global.
A Royal investiu US$ 1,2 milhão na linha de Manaus, criada em parceria com a Dafra, dinheiro que garante a produção de até 15 mil motos por ano.
“Começaremos a montar cerca de 75 motos por dia”, informa BGR. O número é ínfimo se comparado às 3 mil motos que saem diariamente das, fábricas indianas, mas BGR diz que esse é apenas o primeiro passo.
“Se o mercado crescer, investiremos mais”, afirma. Algumas marcas que se estabeleceram com fábricas no Brasil começaram da mesma forma e esse pode ser um caminho a ser seguido pela Royal. Ou seja, inaugurar a primeira fábrica fora do país. Mas BGR é cauteloso ao falar sobre os planos futuros. O que ele deixa claro é que
toda a linha Royal Enfield será montada em Manaus.
Hoje são oferecidos cinco modelos no Brasil, da Classic 350, a mais em conta (menos de R$ 20 mil), à Interceptor 650, de R$ 28 mil, a mais cara. Na Índia são nove modelos e mais dois lançamentos aguardados para os próximos meses – a Bullet 350 e a Classic 650.
A moto mais acessível do portfólio indiano é a Hunter 350, mas sua montagem aqui não está confirmada.
Em sua estada no Brasil, BGR visitou alguns concessionários e procurou se inteirar sobre os desejos dos clientes brasileiros – que, segundo o executivo, são semelhantes aos dos compradores da marca em todo o mundo. “É um público que não abre mão do estilo e que está mais interessado na facilidade de manejo do que no desempenho da moto”, explica. A Royal Enfield é líder mundial no segmento das médias cilindradas, motos com motor de 250 a 750 cc, e BGR pretende manter essa liderança. Por isso, ele descarta o lançamento de motos de maior capacidade cúbica, ou, ao contrário, as de baixa capacidade.
A Royal Enfield surgiu em 1901 no Reino Unido e é a marca de motocicletas mais antiga em produção contínua. Na década de 1950, passou a ser feita na
Índia e em 1994 foi incorporada à Eicher Motors, uma fabricante de veículos comerciais, em cooperação com a Volvo.