Ronaldo Znidarsis fala sobre o seu novo desafio como líder das operações da Zeekr no Brasil e a experiência inovadora que os carros da companhia proporcionam
Por Marcio Ishikawa
Depois de mais de três décadas dedicadas à indústria automobilística, a maior parte do tempo fora do Brasil, Ronaldo Znidarsis até chegou a pensar em sua aposentadoria. Mas a ideia evaporou ao receber a proposta para liderar a operação brasileira da chinesa Zeekr, uma marca premium de veículos, criada pelo Grupo Geely em 2021.
Poucos são tão qualificados para a função quanto Znidarsis. Na General Motors, ele alçou os primeiros voos internacionais e, no último ano, foi VP de marketing e vendas da América do Sul. Antes disso, fez parte do time que instalou a primeira fábrica do grupo na China, no fim dos anos 1990.
Na Volkswagen, foi head de desenvolvimento de novos negócios na Alemanha e, na Nissan, VP de marketing e vendas. Znidarsis encara o mais empolgante desafio da vida desde agosto deste ano. Ele conversou com THE PRESIDENT dias antes da apresentação oficial da marca no Brasil. Na pauta, o que esperar da Zeekr e dos primeiros modelos vendidos por aqui.
THE PRESIDENT _ A Zeekr é uma marca nova não só no Brasil, mas no mundo. O que ela quer oferecer ao cliente?
Ronaldo Znidarsis – Com a tendência de eletrificação, a Geely reuniu o máximo em termos dea tecnologia, buscou os melhores fornecedores e contratou uma estrela do design automotivo (Stefan Sielaff, então no Grupo VW) para criar a Zeekr, sua marca de luxo com DNA elétrico. Queremos entregar o que as demais marcas premium entregam, ou seja, design, tecnologia, segurança e performance, mas a um custo muito menor.
O que você pode nos dizer do Zeekr X e do 001, os primeiros modelos a serem vendidos aqui?
Sou suspeito. (risos) Eles têm um design impressionante e transmitem a sofisticação para todos os sentidos, com harmonia de formas, texturas, sons e iluminação. São carros de alta tecnologia, qualidade e segurança. Todos os Zeekrs têm cinco estrelas no Euro NCAP, o teste mais rigoroso do mundo, e entregam performance, de 0 a 100 km/h em 3,8 s.
Quais diferenciais você destaca?
A tecnologia é impressionante. No meu primeiro contato com os carros, a sensação era a de estar num computador de última geração com rodas, volante e motor. Por exemplo, o ajuste das preferências do condutor é por reconhecimento facial, o carro identifica você e ajusta tudo: espelhos, banco e volante, além de temperatura e sistema de som. Se algum passageiro fala “Zeekr, estou com calor”, o sistema aumenta o fluxo de ar para aquele assento específico. A fábrica tem o maior nível de automação que já vi. Há peças sendo transportadas por meio de carrinhos controlados por conexão inteligente, robôs fazendo a soldagem. Isso leva a um nível de precisão e qualidade inimagináveis.
Onde estarão as primeiras concessionárias e como foi a preparação em relação às peças de reposição?
Estaremos próximos aos nossos clientes. Só começaremos a vender quando a rede estiver totalmente abastecida de peças. E, mais do que isso, estudamos e nos preparamos. Os colegas da China se surpreenderam, por exemplo, com a quantidade de retrovisores, rodas e vidros que solicitamos. Esses itens são muito mais requisitados no Brasil por causa de motos e buracos e da questão da segurança urbana.
Qual o significado de Zeekr?
É uma junção de termos. “Ze” vem de “zero” a infinitas possibilidades. O segundo “e” vem da “eletrificação” e o “kr” é o símbolo do criptônio, um gás raro, que em contato com a eletricidade gera luz. Uma ótima sacada até no nome.
Como você avalia o processo de eletrificação dos carros?
A preocupação das pessoas, quando surgiram os carros a combustão, era a de que não havia gasolina em qualquer lugar, mas a grama para os cavalos, sim. A situação hoje com a eletricidade é parecida. Já a infraestrutura do Brasil não está adequada. Pelo nosso enorme potencial energético, deveríamos levantar a bandeira da eletrificação com mais força. Aqui é possível ter emissão zero, ao contrário de quando a eletricidade vem de usinas a carvão.