ARTIGOS

1. Como o negócio do hotel começou? Foi inicialmente focado no ciclismo?

Nicola Verdolin: A história do nosso hotel começou com meus avós, logo após a Segunda Guerra Mundial, nos anos cinquenta. Eles abriram uma pequena osteria onde serviam vinho e comida. Minha avó ficava na cozinha e meu avô cuidava das compras. Com o tempo, eles adquiriram um terreno e construíram um restaurante, um hotel e um bar. Nos anos sessenta, a economia estava em alta, e o negócio prosperou. Meu pai também trabalhou com eles e retornou ao negócio da família nos anos oitenta. Em 1994, mudamos para o Lago de Garda. Desde o início, o hotel tinha um foco esportivo. Em 1996, a seleção italiana de mountain bike treinou conosco para os Jogos Olímpicos, onde acabaram vencendo. Isso nos ajudou a ganhar uma reputação como um hotel de sorte para ciclistas, o que atraiu equipes profissionais, como a seleção da Alemanha. Em 2004, recebemos a sugestão de nos tornarmos um hotel dedicado aos ciclistas, o que implementamos em 2005.

2. Nicola, o Brasil ocupa o terceiro lugar em importância para o Garda Bike Hotel e a AndiamoCycling. O que faz do mercado brasileiro tão significativo para o seu negócio e como você avalia o potencial de crescimento desse mercado nos próximos anos?

Nicola Verdolin: O mercado brasileiro é extremamente importante para nós por várias razões. Primeiramente, a paixão dos brasileiros pelo ciclismo e pela cultura italiana cria uma conexão natural com os serviços que oferecemos. Além disso, o Brasil tem uma crescente comunidade de ciclistas que busca experiências autênticas e de alta qualidade, algo que nos esforçamos para proporcionar. A hospitalidade italiana, combinada com os belos cenários do Lago de Garda e outras regiões icônicas que exploramos, ressoa muito bem com nossos hóspedes brasileiros. Visitamos o Brasil anualmente e estabelecemos fortes relações com ciclistas brasileiros, o que fortalece ainda mais a nossa presença no mercado. Através dessas interações, entendemos melhor as preferências e necessidades dos nossos clientes brasileiros, permitindo-nos personalizar nossas ofertas para melhor atendê-los. Quanto ao potencial de crescimento, acredito que ele é bastante promissor. O aumento da popularidade do ciclismo como esporte e atividade de lazer no Brasil, junto com uma classe média em expansão que valoriza viagens e experiências exclusivas, indica um futuro brilhante. Estamos continuamente investindo em marketing direcionado e na melhoria de nossos serviços para garantir que possamos atender a essa demanda crescente.

3. Pode nos falar sobre a equipe que trabalha no hotel? Qual o segredo para a hospitalidade de vocês?

Nicola Verdolin: A hospitalidade faz parte do nosso DNA. Nossa filosofia é oferecer o melhor serviço possível, embora sempre busquemos melhorias. Selecionamos naturalmente nossa equipe, e aqueles que não se identificam com nossa filosofia acabam saindo. A satisfação dos nossos hóspedes, especialmente dos ciclistas, nos motiva a continuar aprimorando nossos serviços. Contratamos um psicólogo do trabalho que nos auxilia na gestão da equipe e no relacionamento familiar, garantindo que todos estejam alinhados com nossos valores e objetivos.

4. Sua família ainda trabalha no hotel? Como é a dinâmica familiar no negócio?

Nicola Verdolin: Sim, minha família ainda está envolvida no hotel. Minha mãe está se recuperando de uma cirurgia, mas meu pai, mesmo aos 75 anos, ainda trabalha. Temos que nos adaptar às mudanças no setor de hospitalidade. Hoje, precisamos ser mais flexíveis e contratar profissionais, como psicólogos do trabalho, para ajudar na gestão da equipe e no relacionamento familiar. Trabalhamos com consultorias para melhorar continuamente nossos serviços. Meu pai, com sua vasta experiência, ainda nos orienta em decisões importantes, e isso tem sido crucial para mantermos a harmonia no negócio familiar.

5. Qual é o segredo para a família trabalhar junta sem conflitos?

Nicola Verdolin: A chave é a experiência e o respeito. No passado, meu pai e seu irmão tiveram seus conflitos, o que nos ensinou a encontrar soluções em família. Cada um de nós tem seu papel e, embora tenhamos pontos de vista diferentes às vezes, sempre buscamos um consenso. Meu pai ainda atua como árbitro em decisões importantes. Trabalhamos com paixão pelo que fazemos, e isso nos une. A bicicleta representa um terço do nosso negócio, mas dedicamos 75% de nossa energia a isso porque amamos o que fazemos. Estamos sempre buscando profissionais para nos ajudar a melhorar ainda mais. A experiência de vir para o Lago de Garda reforçou a importância de manter a união e o foco no que realmente importa: a satisfação dos nossos hóspedes e o sucesso do nosso negócio.